O livro “Dias de coragem e de amizade” reúne as memórias de 50 ex-combatentes da Guerra Colonial Portuguesa, ou, na designação dos movimentos independentistas africanos, da Guerra de Libertação. Ao todo foram mobilizados para os três cenários de Guerra – Angola, Guiné-Bissau e Moçambique – entre 800 mil e um milhão de Portugueses entre 1961 e 1974. Mais de nove mil pereceram. Os restantes, os que regressaram – milhares com marcas físicas e psicológicas – trouxeram consigo uma memória colectiva só deles. Memórias individuais e colectivas que não foram ficcionadas, mas impostas. Imagens que estas centenas de milhares de jovens adultos – à altura – tiveram que silenciar, ou partilhá-las apenas entre si.

Não será isto um fortíssimo motivo para o desenvolvimento de um espírito identitário? Todos estes homens aqui retratados têm uma identidade em comum, alimentada por uma memória colectiva, mas não por uma tradição: todos são ex-combatentes de uma determinada Guerra em África.

“A Guerra é como uma queimadura que fica marcada e não desaparece.” – Carlos Manuel Pereira